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Jingle Waguinho Senador

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Entrevista de Peregrino Governador 22 ao Jornal O GLOBO


RIO - Escolhido de última hora pelo ex-governador Anthony Garotinho - que, em meio a condenações na Justiça, desistiu da disputa -, o candidato ao governo do Rio pelo PR, Fernando Peregrino, admite que nunca tinha pensado em tentar administrar o estado. Afirma, porém, estar preparado para a função por causa de seu passado político e sua experiência como integrante dos governos Rosinha Garotinho e Anthony Garotinho. Com 60 anos, Peregrino é engenheiro e já foi filiado ao PDT e ao PT. Durante uma hora de entrevista, o candidato, que recebeu bilhetes da sua equipe e conselhos do ex-procurador-geral do estado Francesco Comte, criticou o governador Sérgio Cabral, que classifica como traidor. Peregrino é o primeiro a ser entrevistado na série de sabatinas que O GLOBO publica a partir desta segunda-feira com os candidatos ao governo do Estado do Rio.


O GLOBO: Qual é a origem do desejo do senhor de ser governador do estado?

FERNANDO PEREGRINO: Confesso que eu não tinha esse desejo. Não aspirava. Mas as circunstâncias me obrigaram a ficar nessa posição, dada a perseguição que foi movida contra o ex-governador (Garotinho), que era o candidato natural do nosso partido. Ele tinha 25% das intenções de voto, e ameaçava o resultado eleitoral já há algum tempo, no prognóstico do atual governador. Claro que foi uma surpresa para mim, que se coaduna com a minha condição de trabalhar pelo meu estado.

O GLOBO:No seu programa de governo, o senhor diz que a Lei da Ficha Limpa está sendo usada pela elite. O senhor é contra a lei?

PEREGRINO: A lei é boa. O que ela está sendo é mistificada, pois uma lei que deixa de fora o José Sarney, e outros políticos notoriamente conhecidos por terem feito patrimônio com dinheiro público, precisa de retoques e reparos para que não cometa injustiças, não se torne um instrumento de "fascistização", que é a manipulação da opinião pública contra correntes de opinião que não se coadunam com as elites.

O GLOBO: Qual é a posição do senhor sobre as UPPs?

PEREGRINO: A implantação da UPP tem um erro grave. Os bandidos não estão sendo presos, estão mudando de endereço. E, pior ainda, estão sendo advertidos 48 horas antes. Estamos assistindo a arrastões na Linha Amarela, na Linha Vermelha. Alguma coisa está ocorrendo para isso. Eu acuso o governo do estado de provocar o deslocamento desses bandidos com a implantação das UPPs.

O GLOBO:O que há de bom nas UPPs?

PEREGRINO: A UPP tem o policiamento comunitário que se originou no governo Garotinho: o Gpae, que é o grupo de policiamento em áreas especiais, que implantamos em duas, três comunidades. Aquilo no Morro Dona Marta, que o Cabral inaugura como terra pacificada, aquelas obras, aquelas casas, tudo foi construído no nosso governo, ele só inaugurou. Se as UPPs não vierem acompanhadas de serviços sociais, não vão resolver.

O GLOBO: Por que o governo anterior não multiplicou as Gpaes?

PEREGRINO:Fizemos muitas.

O GLOBO: Três.

PEREGRINO: Policiamento comunitário não é para fazer na Linha Vermelha ou na Linha Amarela. Esse é um outro grupamento que fizemos e Cabral desmontou, que é o Grupo Tático Móvel, que é o Getam. Esse grupo circulava na Linha Amarela e na Linha Vermelha.

O GLOBO: Mas os índices de homicídios nos oito anos dos governos Rosinha e Garotinho eram maiores do que no governo atual.

PEREGRINO: Alto lá. Se você somar alguns índices, no período Rosinha e no período Cabral, houve 2.511 homicídios a mais do que na Rosinha. Só que se você somar desaparecimentos, mais outro índice, em que pode estar embutido homicídio, que é o desaparecido... O cara não foi achado pela família, nem pela polícia. Ele pode estar morto. Se somar essa fração, a Rosinha tem um crédito. Ou seja, tem menos que o Cabral. Então não é vantagem para o Cabral. Os índices de violência vêm caindo desde o Garotinho, caindo por gravidade. É como mortalidade infantil, analfabetismo.

O GLOBO: O senhor fala no seu programa dos Cieps. O senhor pretende retomar os Cieps?

PEREGRINO:Vou voltar. Não é o Ciep, arquitetura Niemeyer. Não é isso. É o modelo de horário integral. É uma solução para várias coisas numa só. Três em um. Primeiro, a qualidade vai melhorar. Vai ter que ter um bom professor, com salário melhor, isso é inevitável. Eu não posso recrutar um bom professor, egresso da UFRJ, da UFF, sem um bom salário, o resto é mistificação. A escola é horário integral, vai dar aula de manhã e ter nutrição. Nunca o Rio obteve essa derrota do Ideb, do Enem. E agora se complementou com a evasão. Tínhamos 300 mil no ensino médio, passamos a 600 mil. Cabral derrubou isso em 87 mil, caiu 14%. Como pode?

O GLOBO: O seu programa diz que o atual governo acabou com os mecanismos de combate à corrupção. No governo do qual o senhor participou, o secretário de Saúde foi preso, acusado de corrupção, e o chefe de polícia também. Quais eram os mecanismos de controle?

PEREGRINO: O chefe de polícia foi denunciado no nosso governo à Polícia Federal. Se iniciou a investigação na nossa gestão. Então, os demais, onde tiver erros, que se apure. Eu não tenho medo. Havia mecanismo, sim (de combate à corrupção). A Procuradoria investigava e era levado ao Ministério Público.

O GLOBO: Esses mecanismos acabaram?

PEREGRINO: Chegamos no limite. Quando o governo atual entrega a advocacia de dois serviços públicos à esposa do chefe do Executivo, acho que chegamos no limite. Com isso ninguém se espanta. Ninguém levou em conta que denunciei ao Ministério Público que o governador anulou R$ 836.500 de multas inscritas na dívida pública do estado do Rio contra a Telemar por maus serviços prestados a você consumidor. Anulou tendo como advogada a esposa.

O GLOBO:O senhor disse que vai retomar o cheque cidadão. Mas também havia problemas como cadastro dobrado, gente que já tinha morrido e recebia o benefício. Como impedir isso?

PEREGRINO: Vou usar a tecnologia da informação. Sou técnico. Sei dar curso a coisas que são boas e que devem permanecer, como sei interromper e melhorar. É preciso criar sistemas de informação com visibilidade. Sei que a internet tem capacidade de dar visibilidade.

O GLOBO:O que o senhor vai fazer com as UPAs?

PEREGRINO: Vou colocá-las para funcionar. Elas não funcionam. Há alta suspeição de superfaturamento. O aluguel de uma lata por R$ 750 mil por mês dá um hospital por ano. Aquilo é privado. Vou estatizar. Alguém está ganhando dinheiro com aquilo. Ele (Cabral) diz que nossos hospitais promoveram genocídio. Ele cospe no prato em que comeu. Foi atuante no nosso governo. Ele e 90% do secretariado dele. Ele foi indicador de secretários, defendia o nosso governo com unhas e dentes. Bastou dois dias para mudar de opinião.

O GLOBO: O PR ficou isolado neste processo eleitoral. Como o senhor agregará apoios?

PEREGRINO: Muito fácil. Primeiro, a união desses 16 partidos (coligação de Sérgio Cabral) é a união das cúpulas dos partidos, que foi seduzida por outros interesses que não os programáticos. A partir do momento em que eu for eleito, estando no Executivo, vamos fazer a maior bancada do estado.

O GLOBO: O senhor foi um dos poucos aliados que ficaram com Garotinho. Por quê?

PEREGRINO: Muitos foram atraídos pelo poder. O poder seduz e transforma. Comigo não aconteceu isso. Estive no poder com Brizola, fora do poder com ele. Vivemos os dias fora do governo. Ele estava em baixa, todos o tinham abandonado, como Garotinho e Rosinha.

O GLOBO: Quais seus planos para a área do transporte?

PEREGRINO: Vou cancelar esse novo contrato reiterado precoce e irresponsavelmente, da SuperVia e do Metrô, porque eles dilataram 20 anos. Tendo como argumento o péssimo serviço oferecido à população. Segundo, há suspeição porque a advogada é o próprio poder.

O GLOBO: O senhor vai governar para se vingar ou para oferecer propostas?

PEREGRINO: Vou governar olhando a Constituição, artigo 37, que diz que a administração pública deve primar por moralidade, transparência e eficiência.

O GLOBO:Mas quais as propostas para o transporte?

PEREGRINO: O o bilhete único vai baixar de R$ 4,40 para R$ 2,50. Em SP, o bilhete custa R$ 2,50, pois não tem a máfia da Fetranspor. Cabral destruiu os serviços de trens, barcas e metrô.

O GLOBO: O governo Cabral fez algo de bom?

PEREGRINO: De bom? Não sei. Fez péssimas pedagogias. A primeira: traia, que você se dá bem, meu amigo. Mas podemos falar do que vou fazer. Tenho uma proposta para a Cidade da Música.

O GLOBO: Qual?

PEREGRINO: Vou incorporar a Cidade da Música, estadualizá-la. É um equipamento de música importante, que o Rio precisa. Aquilo tem que funcionar. Quem roubou que pague, mas a Cidade da Música é um instrumento que tem que ser recuperado.

Um comentário:

  1. Cabral moralizou a segurança pública com o Secretário José Beltrame. E pensar que por muitos anos, o Rio sofreu com Secretários de Segurança como Garotinho e Álvaro Lins, acusados de formação de quadrilha...

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